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A cura

A cura

Não gosto de usar o termo “superar você”. Acho que ele não faz jus ao real esforço que tenho empenhado em desviar minha mente das memórias, dos cheiros, das sensações.

Eu preciso “me curar” de você. É como se esse amor tivesse adoecido meu coração, que já não bate direito há dois meses. Preciso curar meus pulmões, que têm dificuldade de puxar o ar que me faz respirar, com medo de sentir o seu perfume pairando.

Preciso curar minha boca, que não sente mais gosto nenhum a não ser os dos vestígios do nosso último beijo.

Preciso curar minhas mãos, que insistem em buscar pelas suas pra se entrelaçar.

A cura não é um processo simples porque não existe medicamento para o que tem afetado minhas faculdades.

Dizem que o tempo cura todas as coisas. Eu discordo. O tempo pode até enfraquecer algumas lembranças, mas ele jamais será capaz de alcançar as raízes que se fixaram na alma.

Talvez a minha única solução seja me habituar aos sintomas. Organizar a casa, convidá-los gentilmente a fazer morada, passar um café, assar uns biscoitos. Teremos uma vida inteira para nos conhecermos melhor e, quem sabe, nos tornarmos amigos.

Sobre

Paula Pinter

32 anos, paulista, apaixonada por gatos (mas amo doguinhos também), cristã, irremediavelmente apaixonada por ele, há seis anos trabalhando com planejamento e gerenciamento de conteúdos pra redes sociais, campanhas publicitárias, ativações, eventos e o que mais der na telha. Também sou Marvete, Shield-maiden, treinadora Pokémon, da casa Grifinória, Jedi e são-paulina! ❤

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